Breve, muito breve, relato de como descobri o que de fato é comunismo e por que não abraço a causa

Lembro-me quando questionei na Universidade por que é que nós nunca estudamos a cultura russa. A professora, doutora em Comunicação, respondeu apenas: “É uma questão política”. Bem, nunca estudei política no colégio. A única coisa que estudávamos era a parte histórica sobre a Revolução Russa, como todo bom estudante da década de 1990 e início dos anos 2000 sabe é só o superficial, como data, o que foi, como foi e o porquê. Nem, sequer, nunca tinha ouvido falar no assassinato da família Romanov.

Então, comecei a ler sobre a cultura russa e pesquisar melhor sobre a Revolução Russa de 1917. Por um lado, descobri, com assombro, o que tinha sido a Revolução Bolchevique. Por outro lado, passei a admirar a cultura russa do século XIX e, principalmente, o autor russo Dostoiévski. Sim, claro, percebo o viés de “coitadismo” que meu autor russo preferido tem quando fala da parte pobre da Rússia. Antes que me confundam com um tipo de socialista, gostaria de deixar claro que meu pensamento é cristão e de direita, ou centro-direita, dependendo do contexto em que se enquadre os termos.

Dostoiévski viveu um período sombrio da Rússia, tão sombrio quanto a Era Soviética. Só existia basicamente duas classes: os muito ricos, ligados ao czar e à Igreja Ortodoxa, e os muito pobres, além dos camponeses. Dostoiévski criticava, em praticamente todas as suas narrativas, a pobreza do cidadão que vivia na zona urbana da Rússia e comparava sua desgraça com o luxo extremo da família real. Esse escritor russo nasceu em 1821, faleceu em 1881.

De família cristã, Dostoiévski perdeu a mãe logo cedo e empregados da fazenda do seu pai matou o próprio patrão. Órfão ainda adolescente e muito pobre, casou-se cedo e contraiu várias dívidas. Envolvendo-se com pensadores comunistas, acabou sendo preso e condenado à morte pelo czar que, posteriormente, não se sabe ao certo o motivo, mudou sua sentença para alguns anos de trabalhos forçados na Sibéria. Não mais preso, ficou viúvo, casando-se mais tarde com outra mulher, tendo que fugir da Rússia por causa dos cobradores.

É nesse contexto de vida que Doistoiévski escreve suas histórias com uma linguagem ímpar, espetacular, retratando as mazelas da pobreza humana, não apenas mazelas financeiras, mas principalmente morais, tanto de pobres quanto de ricos. Basta ler alguns livros dele para entender sobre o que estou falando. Mas não é por gostar dos escritores russos do século XIX que me torno comunista. É muita pobreza cultural e intelectual pensar assim.

Admiro também a arquitetura russa. Construída em centenas de anos pelos nada bonzinhos czares, as igrejas e palácios russos são extraordinários. Contudo, uma questão nunca me saiu da cabeça, depois de tanto ler sobre a cultura e história russas, percebi que o povo russo é muito diferente. Sempre debaixo de líderes cruéis, tanto czares, quanto comunistas, como presidentes (na década de 1990), a população russa sempre sofreu por ter líderes radicais. Mas por que? Uma resposta simples que encontrei é que o povo russo é um povo forte, de sangue quente e guerreiro. Não, não são bonzinhos.

Alguns livros e pesquisas na internet, desde 2009, quando ainda era universitária, me fizeram entender mais o povo russo e o contexto político e histórico da Rússia do século XX. Da editora Record, li Como começou a Guerra Fria, o caso Igor Gouzenko e a caçada aos espiões soviéticos da autora canadense, doutora em política russa, Amy Knight. Da mesma editora li também Moscou 1941, uma cidade e seu povo na Guerra, do britânico Rodric Braithwaite, além de A explosão da Rússia – uma conspiração para restabelecer o terror do KGB, do ex-agente do KGB Alexander Litvinenko e do historiador Yuri Felshtinsky, livro que levou ao assassinato de Litvinenko  por polônio 210 em outubro de 2006. Da editora Record também li A Era dos Assassinos – A nova KGB e o fenômeno Vladimir Putin, também do historiador Yuri Felshtinsky, autor que recebeu asilo político na Inglaterra.

Não são livros fáceis de ler, mas muito importantes para quem deseja entender o contexto histórico da Rússia e o que de fato é hoje a Rússia em seu contexto político. São livros exaustivos, porém completos. Os dois últimos livros citados são proibidos na Rússia, bem como os livros da jornalista Anna Politkovskaya, também misteriosamente assassinada dentro de um elevador do prédio em que morava em Moscou. Quanto aos livros dela, ainda não li nenhum, apenas sei que retrata mais ou menos o que Litvinenko quis dizer em seu livro, antes de morrer. Todos dois foram assassinados por denunciarem arbitrariedades da política russa atual.

Outra maneira que me fez odiar o comunismo logo quando pesquisei, foram os testemunhos de missionários cristãos. Cristãos foram e têm sido assassinados por ditaduras comunistas apenas por serem cristãos. Homens de fé e coragem que não renunciam sua crença em Jesus Cristo e estão em campos de trabalhos forçados na Coreia do Norte, quando não são assassinados secretamente na China. Não foram centenas, são milhões de cristãos assassinados pelo comunismo em diferentes partes do mundo desde que ele foi implantando pela primeira vez no planeta.

O site da Missão Portas Abertas, livros e testemunhos de cristãos que fugiram de nações comunistas podem ser encontrados na internet. Depoimentos em livros, sites, vídeos no youtube, tudo espalhado no espaço cibernético. Tudo o que nunca me contaram no colégio, e veja que sempre estudei na rede particular de ensino, tudo o que nunca me contaram na Universidade, mas lá me ensinaram a ser de esquerda, tudo descobri com minhas próprias leituras e minha escolha pessoal de literatura histórica.

Eu espero que fique bem claro que muitos universitários hoje entram nos cursos superiores sem saber nada sobre política, assim como eu. E muitos deles, na verdade a maioria, não procuram ler e se informar melhor sobre o que de fato é o comunismo e abraçam a causa como se fosse digna de ser defendida. Nós somos, sim, educados para amarmos o socialismo nos cursos de Comunicação Social. Ouvi isso o tempo inteiro, durante toda minha graduação, mas não absorvi muita coisa, por causa do meu contexto de vida cristã e missionária. É dentro do contexto cristão missionário que lemos histórias sobre o sofrimento dos missionários e cristãos no contexto comunista.

Sim, fui um pouco contaminada. Eu me considerava “centro-esquerda”, mas jamais comunista. Hoje que sei “discernir entre a mão direita e a mão esquerda” (Jonas 4.11, referência bíblica) e não sou mais inocente quanto a questões políticas, jamais me consideraria de esquerda ou centro-esquerda. Sou cristã por minha fé e de direita por meu entendimento político, cristão, econômico e social. Por isso que é tão importante os universitários pesquisarem por si só sobre política e história. Somente depois de estudar sobre a Rússia foi que de fato compreendi o que meu professor de História vivia falando no Ensino Médio: é de extrema importância que as pessoas saibam sobre história para não cometerem os mesmos erros do passado.

Universitários, jovens, adolescentes e demais profissionais que não leem são facilmente levados por qualquer doutrina política imposta pelos “controladores do poder”. Se o brasileiro entendesse a importância da leitura, jamais um levante comunista voltaria a ser tentado em nossa nação em pleno século XXI. Falta educação, instrução, leitura para o nosso povo. É uma pena que nossa nação não tenha o hábito necessário e vital que é ler para se ter senso crítico próprio. Para não me alongar ainda mas no texto, encerro por aqui e fica minha indignação pela falta de instrução do povo brasileiro e pela indução nos cursos universitários que tentam a todo custo transformarem estudantes em militantes da ideologia comunista.


Comentários


  1. Excelente texto!
    Eu sei muito pouco sobre o socialismo... mas ultimamente me dei conta que não é algo tão longe de nós quanto parece (descobri que existe o tal Foro de São Paulo). Você me incentivou a ler mais sobre o assunto.

    Continue escrevendo!!

    Dafne

    Dafne

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  2. Nossa Caline, excelente esse texto. Gostei muito mesmo e me deixou com vontade de estudar mais.

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